Infertilidade – Conheça mais sobre ela
O que é infertilidade?
Infertilidade é a dificuldade de uma pessoa em se reproduzir. Geralmente, refere-se ao diagnóstico feito quando um casal não obtém gravidez mesmo sem o uso de qualquer método contraceptivo, após um ano de relações sexuais bem distribuídas ao longo do ciclo menstrual.
Em condições normais, um casal em idade fértil que mantenha relações sexuais completas, sem utilizar qualquer método contraceptivo, costuma levar alguns meses ou até mais de um ano para obter a gravidez desejada, gerando a concepção errada de infertilidade.
Aproximadamente, a chance de um casal fértil engravidar é de 15 a 25% por mês, e após um ano de tentativas essa taxa cumulativa será de aproximadamente 80%. Por isso, é necessário esse tempo de espera para iniciar uma investigação sobre infertilidade.
Há dois tipos de infertilidade: primária, quando não há gestação anterior; e secundária, se já houve alguma gravidez. O fato de a mulher ter sido mãe antes não garante a fertilidade para uma futura gravidez. O diagnóstico de infertilidade também pode ser dado para mulheres que chegam a engravidar, mas por diversos motivos não conseguem manter a gestação até o final.
A dificuldade de engravidar atinge aproximadamente 15% dos casais. Suas causas são diversas, com problemas no organismo feminino, masculino, em ambos, ou até mesmo por causas desconhecidas. Uma das principais causas é constituir a família tardiamente: ao envelhecer, os gametas masculinos e femininos apresentarão maior probabilidade de serem incapazes de gerar uma gravidez.
Também deve se ter em mente que infertilidade e esterilidade são coisas diferentes. Apenas pode-se falar em esterilidade depois que o casal for devidamente analisado e, eventualmente, submetido a tratamentos de reprodução medicamente assistida, sem que se obtenham resultados favoráveis.
Já a esterilidade implica a noção de incapacidade absoluta de concepção, sendo um termo já em desuso. Mais correto, o termo “infertilidade” significa dificuldade, mas não impossibilidade de concepção ou de levar a gravidez até ao seu termo.
Definição de infertilidade
Antes de se abordar as possíveis causas do problema, deve-se estabelecer uma definição precisa do que se entende por infertilidade. No fundo, corresponde a um problema ao nível da reprodução baseado na incapacidade de uma pessoa, embora seja preferível referir-se a um casal, para conceber filhos através da realização de relações sexuais normais. Todavia, esta definição é incompleta, pois como nem todas as relações sexuais dão origem a uma gravidez, deve-se estabelecer um parâmetro referente ao tempo necessário para se considerar que existe um problema que impossibilita a concepção de filhos. Mesmo que de maneira arbitrária, costuma-se considerar que um casal é infértil quando não consegue obter uma gravidez após ter mantido relações sexuais completas com fins de procriação (sem utilizar qualquer método contraceptivo) e de forma regular (por exemplo, em média, um coito por semana) durante, no mínimo, dois anos consecutivos. Esta última consideração é muito importante; em condições normais, um casal em idade fértil que mantenha relações sexuais completas, sem utilizar qualquer método contraceptivo, costuma levar alguns meses ou até mais de um ano a conseguir obter a gravidez desejada, uma circunstância que gera, frequentemente, uma sensação antecipada e errada de infertilidade.Deve-se referir que, de acordo com os antecedentes reprodutivos do casal, é possível distinguir dois tipos de infertilidade: a primária e a secundária. Fala-se de infertilidade primária quando não existem antecedentes de gravidez no casal, o que corresponde à situação mais comum, enquanto que o problema é designado infertilidade secundária, quando existem estes antecedentes e verifica-se uma dificuldade em conseguir obter uma nova gravidez depois de se realizar relações sexuais completas, sem utilizar qualquer tipo de método contraceptivo durante um mínimo de dois anos.Por outro lado, deve-se estabelecer uma clara diferença entre infertilidade e esterilidade. Apenas se pode falar de esterilidade quando, depois de o casal ser devidamente estudado e, eventualmente, submetido a tratamentos de reprodução medicamente assistida, não se obtêm resultados favoráveis. A esterilidade implica incapacidade absoluta de concepção, enquanto que a infertilidade implica dificuldade, mas não impossibilidade, de concepção e/ou de levar a gravidez até ao seu termo.
Causas de infertilidade
A concepção de um novo ser é um facto muito complexo que necessita da cooperação de inúmeros factores anatómicos, fisiológicos, psicológicos e até circunstanciais. A infertilidade é, na maioria dos casos, provocada por factores anatómicos e/ou fisiológicos que afectam a mulher, o homem ou ambos os membros do casal. De qualquer forma, existem outros tipos de circunstâncias que também podem ter repercussões na função hormonal, desejo e prática da sexualidade, como por exemplo o stresse ou a preocupação gerada precisamente por não se conseguir obter a concepção desejada e mesmo pelo facto de o casal se ter de submeter aos diferentes exames normalmente necessários para se estabelecer o diagnóstico do problema ou em seguir as recomendações terapêuticas propostas.Embora antigamente se acreditasse que a infertilidade era provocada exclusivamente por problemas nas mulheres, actualmente, tem-se a certeza absoluta de que esta ideia está errada. De facto, os avanços no diagnóstico das causas e os estudos estatísticos realizados comprovaram que a incapacidade para conceber filhos apenas se deve à existência de problemas na mulher em aproximadamente 55% dos casos, em cerca de 40% dos casos o problema reside essencialmente na existência de certas alterações no homem, enquanto que a origem dos restantes 5% dos casos ainda continua por determinar. Para além disso, constatou-se que em cerca de 30% dos casais inférteis, tanto a mulher como o homem evidenciam factores potencialmente responsáveis por um quadro de infertilidade, falando-se então de infertilidade mista.Tendo em conta a existência de inúmeras possibilidades, sempre que um casal esteja dois anos a tentar, sem sucesso, obter uma gravidez, deve consultar um médico para que este determine a causa e estabeleça o eventual tratamento da infertilidade, o que proporciona o início de um período de investigação da origem do problema que, por vezes, é infelizmente bastante prolongado. Todavia, os mais recentes avanços científicos costumam, em contrapartida, proporcionar um diagnóstico preciso e a obtenção, na maioria dos casos, de uma solução eficaz para cada casal. Por outro lado, por vezes, um casal que se encontre nesta situação consegue obter uma gravidez inesperada sem ter de recorrer a qualquer tipo de tratamento, numa altura em que já se tinha perdido qualquer esperança de a conseguir sem ajuda ou até quando se está a preparar para implementar uma solução através dos recursos terapêuticos mais oportunos. Nestes casos, a origem da dificuldade em se conseguir uma concepção, apesar da investigação realizada, permanecerá possivelmente um mistério, embora passe a ser pouco mais do que um dado curioso.
Causas femininas de infertilidade
De acordo com dados estatísticos, em aproximadamente 55% dos casais inférteis, o único ou o principal factor causador de infertilidade reside na mulher. Pode-se tratar de algum factor de natureza anatómica, como por exemplo uma malformação congénita do aparelho reprodutor, alguma alteração consequente de uma infecção genital crónica ou o desenvolvimento de um tumor, ou ainda algum problema hormonal e/ou funcional. Consoante o órgão do aparelho reprodutor feminino envolvido, estes factores podem ser classificados em ováricos, tubáricos, uterinos e vaginais.Factores ováricos. Entre as causas mais frequentes de infertilidade feminina destacam-se as anomalias anatómicas e funcionais dos ovários, os órgãos onde os óvulos amadurecem até se desunirem, com a ovulação, de modo a serem posteriormente fecundados pelos espermatozóides. Estes problemas englobam os quistos, a síndrome do ovário poliquístico e os tumores que afectam ambos os ovários, bem como qualquer tipo de problema (um processo infeccioso ou uma desnutrição grave) que provoque uma alteração nos níveis das hormonas segregadas pelo hipotálamo, hipófise e pelos próprios ovários que, em conjunto, controlam o ciclo menstrual e propiciam a fecundação. Caso a existência de algum destes factores seja suficientemente determinante para provocar uma grave alteração da ovulação ou até uma anovulação, ou seja, uma ausência de ovulação, acabará por provocar um quadro de infertilidade.Factores tubáricos. As trompas de Falópio são os canais por onde os óvulos, após se desunirem dos ovários, têm de atravessar ao longo do seu percurso em direcção ao útero, onde se encontram com os espermatozóides, de modo a proporcionarem a fecundação. A obstrução de ambos os canais das trompas é uma das principais causas de infertilidade. De facto, a obstrução da entrada das trompas, independentemente de ser devido a malformações congénitas ou devido a infecções crónicas frequentemente assintomáticas, é uma das causas mais frequentes de infertilidade feminina. Para além disso, a fecundação também pode ser inviabilizada por uma debilidade ou incapacidade constitucional por parte destes órgãos, impossibilitando a deslocação dos óvulos pelo seu interior.Factores uterinos. Existem algumas alterações do corpo do útero, como por exemplo determinados processos infecciosos, tumores ou anomalias congénitas, que conseguem bloquear o acesso às trompas de Falópio, impedindo que os espermatozóides se unam ao óvulo, o que consequentemente impossibilita a fecundação.De qualquer forma, um dos problemas que proporciona, com maior frequência, infertilidade na mulher localiza-se no colo do útero, visto que a existência de uma alteração na qualidade das suas secreções durante os dias férteis, provocada por um desequilíbrio hormonal, faz com que o muco cervical, em vez de ser fluido e facilitar a penetração dos espermatozóides depositados na vagina com o coito, fique espesso e dificulte ou impossibilite a penetração dos mesmos, impedindo a possível fecundação. Por outro lado, existem casos em que a infertilidade é provocada por uma mera obstrução do colo do útero, que pode ser, por sua vez, provocada por uma infecção crónica ou pela presença de um tumor.Factores vaginais. As alterações vaginais não costumam originar infertilidade. De qualquer forma, deve-se referir que, apesar do denominado vaginismo, um espasmo doloroso da musculatura que rodeia a vagina, dificultando ou impossibilitando o coito quando se tenta a penetração, de origem psicossomática, pode inviabilizar a fecundação.
Causas masculinas de infertilidade
Em aproximadamente 40% dos casos, a única ou principal causa de infertilidade do casal reside no homem. Entre as causas mais frequentes de infertilidade masculina destacam-se os problemas da um fenómeno que se desenvolve no interior dos testículos. Estes problemas, que podem ter repercussões numa alteração da qualidade e/ou quantidade dos espermatozóides, costumam ocorrer, quando os testículos permanecem, por alguma razão, muito tempo a uma temperatura superior à necessária para o normal desenvolvimento da espermatogénese, como acontece em casos de criptorquidia e de varicocelo, doenças abordadas nos capítulos dedicados ao aparelho genital masculino. Nestes casos, a permanência em temperaturas ambientais elevadas, consequência de várias profissões, aumenta a gravidade da falta de produção de espermatozóides.Os problemas da espermatogénese também podem ser provocados, embora em menor frequência, por outras alterações ao nível dos testículos, como a orquite , ou por várias doenças endócrinas que alterem a produção das hormonas hipofisárias que estimulam a produção de espermatozóides nos testículos.Por outro lado, existem vários tipos de processos infecciosos, tumores e malformações congénitas, que podem alterar a anatomia e obstruir os canais que transportam os espermatozóides dos testículos até ao exterior para que sejam expulsos com a ejaculação. Deve-se igualmente referir que a obstrução total e bilateral destes canais, nomeadamente dos epidídimos e canais deferentes, pode provocar infertilidade no homem.Por último, os problemas anatómicos ou funcionais que impeçam o adequado depósito do sémen no interior da vagina através do coito, como ocorre respectivamente com a hipospadia, os problemas da erecção e a ejaculação precoce, podem igualmente favorecer a infertilidade masculina.
Questão de tempo
Embora muitos casais consigam obter a gravidez desejada com relativa rapidez, existem outros que necessitam de mais tempo para o conseguir, o que não implica que tenham um problema de infertilidade, já que este “atraso” é muito comum e natural na espécie humana.
De acordo com dados estatísticos, a taxa de concepção nos casais formados por membros jovens e saudáveis que mantêm relações sexuais completas e sem protecção contraceptiva oscila entre os 30 e os 40% por cada ciclo menstrual em que tentam a fecundação, ou seja, os restantes 60 a 70% dos casais não conseguem obter uma gravidez du- rante o ciclo em que procuram esse objectivo. Para além disso, calcula-se que se produz de forma natural um aborto espontâneo, até mesmo antes que a gravidez seja diagnosticada, em aproximadamente 20% dos casos em que se consegue obter uma gravidez, o que consequentemente diminui a taxa de gravidezes viáveis para, no máximo, 25% por cada ciclo em que se tente. Dado que as possibilidades mantêm-se ao mesmo nível em cada novo ciclo, a probabilidade de se obter uma fecundação é um pouco “aleatória”.
De qualquer forma, as estatísticas demonstram, igualmente, que a maioria das gravidezes desejadas é obtida ao longo do primeiro ano em que se começa a tentar. Todavia, a complexidade dos métodos necessários para se determinar a origem da infertilidade e o facto de muitos casais, que em caso algum podem ser designados inférteis, necessitarem de um pouco mais de tempo para o conseguir, levou a que apenas se estabelecesse o diagnóstico de infertilidade, caso o casal tente, sem sucesso, a concepção de um novo ser durante, no mínimo, dois anos, embora esse período possa ser reduzido quando, segundo o critério do médico, existam suspeitas da existência de algum problema responsável relacionado com a idade da mulher.
A endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina
A endwnetriose é uma doença relativamente frequente que consiste na presença de fragmentos de tecido do endométrio, a mucosa que reveste interiormente o útero, em localizações anómalas, sobretudo nas trompas de Falópio, ovários e colo do útero. Submetido ao controlo das hormonas que regulam o ciclo menstrual, este tecido endometrial localizado anormalmente passa pelos mesmos processos de desenvolvimento e desunião do próprio endométrio, o que proporciona o seu crescimento, desunião e consequente produção cíclica de hemorragias que podem originar o desenvolvimento de alterações nos órgãos onde o fragmento se situa, como por exemplo uma obstrução das trompas de Falópio que impeça a união do óvulo com os espermatozóides, originando um quadro de infertilidade. Em suma, a endometriose é uma patologia que deve ser sempre tida em conta quando se efectua um estudo sobre a provável origem de um quadro de infertilidade.
Outras causas
Existem casos em que a infertilidade não é provocada por problemas no aparelho reprodutor, já que o problema também pode ser originado, entre outras alterações gerais, por uma desnutrição e vários problemas hormonais.